23 de mai. de 2011

A Babel de Marta Minujín

Matéria de Carol Pires, para o Terra Magazine.



Ela já ateou fogo às próprias esculturas, simulou o pagamento da dívida externa da Argentina dando a Andy Warhol milhares de espigas de milho, construiu um obelisco de 36 metros feito de pão doce, e uma Vênus de Milo de queijo, distribuindo a obra, depois, para degustação do público.

A missão, agora, era comemorar a indicação de Buenos Aires como Capital Mundial do Livro pela Unesco. O resultado não podia ser menos suntuoso que seus happening e instalações anteriores: ergueu uma torre de 26 metros de altura usando 30 mil livros.

Marta Minujín é uma curiosa personagem argentina. Tem 68 anos, usa o cabelo loiro platinado, a pele bronzeada em tom alaranjado, e ela está sempre por detrás de grandes óculos bicolores.

A obra que ergueu em Buenos Aires, na Praça San Martín, se chama Torre de Babel, mas é a antítese da torre da passagem bíblica. Enquanto a original é frustrada porque os homens passam a falar línguas diferentes, a torre de Minujín só foi possível pela união de quatro mil argentinos e 26 mil estrangeiros (200 do Brasil).

Os livros foram doados por 54 embaixadas e também por contribuição das pessoas nas ruas.

Quando for desarmada, no próximo dia 28, os livros - que agora estão todos expostos dentro de sacos plásticos para serem preservados do frio e da chuva que cai em Buenos Aires esses dias - serão levados para a Biblioteca Gálvez, na Avenida Córdoba, para formarem a primeira biblioteca multilíngue de Buenos Aires.

Para visitar a Torre de Babel é preciso marcar hora pela internet, no site do governo de Buenos Aires; ou esperar na fila dos "sem-ingresso" lá na Praça San Martín. A torre está aberta das 10h às 22h até dia 27 próximo.

A cada 20 minutos sobe um grupo de 30 pessoas. Na subida, escuta-se a palavra "livro" dita em diversas línguas. Ao deixar a torre, ganha-se um conto do escritor argentino Jorge Luís Borges, A Biblioteca de Babel, onde ele imagina uma biblioteca universal, infinita. É um bom passeio para conhecer duas lúdicas babéis argentinas.

Para ler na íntegra, clique aqui.

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